quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Refletindo sobre as massas

Duas varetas de macarrão. Paralelas. Deviam se encontrar no infinito, mas se encontraram na panela. E na água quente se tocaram...

Será a água quente o infinito?
Não, não é... os dois macarrões nem mais paralelos são. Agora eles são moles e se enlaçam, dobram-se, mas com poucos movimentos. São lesmas acasalando.

Por um momento pude ver uma pálida silhueta refletida na água fervendo. Era meu próprio rosto. Eu mesmo estava mais inerte do que aquelas sêmolas insolentes que transavam no infinito!

A inveja tornou-se cólera. Esta se escondeu em meu estômago e se disfarçou de fome.

Escorri, refoguei e derramei molho sobre elas de forma que não pudessem mais poetizar seu escárnio. Eu as devorei... Por prazer e desprezo, eu as devorei!

Quando perguntei-me se estava satisfeito, sorri e disse a mim mesmo: infinitamente.

2 comentários:

Henrique disse...

Eu to muito feliz de ter lido isso. Gostei de Tudo! Eu não porque, talvez um egoísmo ou presunção por admirar algo absurdamente paraleo às minhas transas poéticas. Ver a escrita de amigo que não escrevia em blogs, ou seilá porque, mas infinitamente adorei!

Gostei de quando os macarrões se tocaram... Idiotas, achando que fossem se tocar no infinito, é melhor se tocar em água fervende e depois ser comido!

Unknown disse...

[mil anos depois]

Hahaha! Fantástico o seu comentário!